sábado, 31 de outubro de 2020

Mudança de canal!




Fala pessoal! Estamos aqui para dizer que vamos mudar de endereço. Em função de pequenos problemas. Nada de tão grave. No vídeo eu explico o porquê. Agora estaremos no https://www.youtube.com/channel/UC6Ll... Entrem, inscrevam-se no canal! O conteúdo será o mesmo. Só o link e o email que são diferentes. Obrigado a todos! No novo canal já estão os quatro vídeos anteriores. Daqui alguns dias iremos deletar os antigos vídeos do antigo endereço, por isso venham para o novo! Na próxima semana iremos falar sobre Bruce Springsteen! Fiquem ligados para outras novidades! Pedrock Press é: Roteiro: Pedro Pellegrino Edição: Herbert Phoenix Câmera: Francine Bezerra.
 

Bandas de Santos!


Na última semana estivemos no litoral de São Paulo, Santos. Descemos pra baixada e resolvemos falar de três essenciais bandas para a cena de Santos.
Bandas que ficaram famosas no mundo inteiro.

A pioneira banda de metal Vulcano. Fundada em 1981, é uma das primeiras a fazer o Death/Black metal brasileiro.
Talvez tenha sido a primeira a gravar um disco desse estilo na América Latina.

Hoje em dia a formação da banda é:
Zhema Rodero - Guitarra
Luiz Carlos Louzada - Vocal
Diaz - Baixo
Gerson Fajardo - Guitarra
Bruno Conrado - Batera

O Surra é uma das principais bandas de thrash/hardcore do underground nacional.
Confira uma entrevista que fizemos com eles: https://pedrockpress.blogspot.com/2019/07/hardcore-combativo.html

E não poderíamos deixar de falar do CBJ. O Charlie Brown Jr.
Aqui é uma cobertura de um show da banda que fizemos para o site parceiro Big Rock and Roll da grande Juliana Carpinelli: http://www.bigrockandroll.com/2019/07/o-choro-pela-vitoria.html?m=1

Obs: No vídeo falamos da pista de Skate do Chorão, ela foi aberta ao público por 9 anos. Hoje em dia só para amigos e familiares do Chorão.

Curta o vídeo, inscreva-se no canal, comente, compartilhe, ative o sininho!

Até o próximo vídeo!
See you later alligator!!

A Pedrock Press é:
Edição: Herbert Phoenix
Roteiro: Pedro Pellegrino
Câmera: Francine Bezerra

Pedrock Press 3- Torture Squad

Neste terceiro vídeo, a Pedrock Press comenta sobre o Torture Squad, uma das maiores bandas de metal do mundo, lançou a coletânea da sua carreira. Confira nesse vídeo a nossa dica!

Também abordamos sobre o Rock in Rio no blog da Pedrock Press: http://pedrockpress.blogspot.com/2019/10/um-sonho-que-se-sonha-junto.html?m=1

Se liga no dia que a Pedrock Press foi no estúdio dos caras:

http://pedrockpress.blogspot.com/2018/05/torture-squad-exterminador-do-futuro-e.html?m=1

O TS lançou também um documentário contando sobre o dia histórico no RIR:
https://youtu.be/xQrYC0SrTUI

Pedrock Press é:
Edição: Herbert Phoenix.
Câmera: Francine Bezerra, Marilda Alvarez.
Dog: Bill

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Valeu!! See you later alligator!

Errata: Chuck Billy/
Claustrofobia.

Esse vídeo eu dedico para o meu amigo Alessandro. Descanse em paz.


terça-feira, 13 de outubro de 2020

Lynyrdy Skynyrd!!

Erramos: "Secessão".

Nesta pequena biografia sobre a banda, falamos sobre o lendário guitarrista Allen Collins. E também um dos fundadores do Lynyrd: Gary Rossington, que está na ativa até hoje! Há mais de 56 anos na estrada!

A canção Free Bird é uma das mais executadas nos Estados Unidos, nos EUA não gritam "Toca, Raul" durante os shows, é claro, e sim "Free Bird!".
https://youtu.be/QxIWDmmqZzY

Este vídeo não é a biografia definitiva da banda, em 6 minutos não daria tempo.

Leonard Skinner era o professor dos garotos fundadores da banda, ele não os deixava ter cabelo cumprido, como forma de "homenageá-lo" eles colocaram o nome de Lynyrd Skynyrd.

Curta, comente, compartilhe, ative o sininho!!

Correção: o grande líder da banda, mentor, letrista, era Ronnie Van Zant, Johnny, o seu irmão que o substituiu quando ele sofreu o acidente de avião.

Obrigado ao camisa 10 Herbert Phoenix e a minha garota Francine.

Valeu!!


NOVO CANAL DA PEDROCK PRESS!!

Para abrir os trabalhos, nada como escutar uma das bandas mais criativas do metal nacional:  Muqueta na Oreia. Se liga no som dos caras:https://youtu.be/Duiy4aGubD8

Auxílio, risadas, câmera e outros assuntos aleatórios: Francine Bezerra


quinta-feira, 8 de outubro de 2020

DE VOLTA AO CICLO DO METAL



Dia 4 de outubro. Manifesto Bar. São Paulo. Após 8 meses sem shows, nós da Pedrock Press tivemos a honra de sermos convidados para a live das bandas de metal Andralls e Válvera.
O Manifesto tomou todos os cuidados necessários para não deixar o maledetto vírus atrapalhar o espetáculo. As famosas garçonetes da casa estavam de máscara, havia álcool-gel em todas as mesas, e como não era um show e sim uma live, havia poucos presentes no local, todos convidados, familiares, amigos e os músicos da banda.

Quando entramos no Manifesto Bar, logo avistamos a simpática fotógrafa Maíra Nakahara, é ela que nos brinda com as belas fotos desse post.

Praticamente oito e pouco da noite, o thrash metal onfire do Andralls surgiu e não deixou ninguém respirar com máscara ou sem máscara com o seu som potente e avassalador. Com mais de 20 anos de carreira, o Andralls promovia o seu último álbum lançado "Bleeding for Thrash". Alex Coelho (guitarra e voz), Felipe Freitas (baixo) e Alexandre Brito, o Xandão, na batera. Daqui a pouco vamos colocar o link da live, mas antes, vamos falar sobre o show da banda que fechou a noite, ou a live ...

O Válvera comemorou os 10 anos de banda, comemorou a nova formação: Leandro Peixoto (baterista), Gabriel Prado (baixista) e os fundadores da banda que vieram do interior de São Paulo (longe, muito longe): os guitarristas Rodrigo Torres e Glauber Barreto (também vocalista).

A banda lançou todos os seus discos no Manifesto: Cidade em Caos (2015), Back to Hell (2017) e agora em 2020, tivemos o privilégio de assistir nesse domingo 4 de outubro, o lançamento do melhor álbum de metal do ano: Cycle of Disaster. Se quiserem saber a nossa opinião sobre o último trabalho da banda clique aqui.

Estivemos nos três lançamentos do Válvera, e a cada disco enxergamos a evolução dos caras. A imprensa internacional está classificando o som do quarteto como Neo Thrash. Você percebe que uma banda está se destacando quando os jornalistas tem que inventar um gênero para a banda.

Francine Bezerra, jornalista, esteve pela primeira vez em um show de metal, ela nos deu um depoimento que resume bem a noite: "Não estou familiarizada com esse som, mas gostei bastante... as bandas eram boas... é legal abrir a mente, no começo eu pensei que não fosse gostar, mas acaba sendo contagiante... é forte, intenso, como nenhum outro som...".

Antes de deixar o link da live, precisamos dizer que o Válvera está na sua melhor fase, mais pesados, Glauber cantando as músicas complicadas da banda com força, com garra, berrando como nunca, tirando lindas melodias agressivas de sua guitarra, Rodrigo, além de esmerilhar sua bela guitarra, seus backings vocals estão perfeitos, junto com o excelente baixista Gabriel que também manda muito bem nos backings, e o Leandro, batera, super rápido, super consistente no seu kit, um grande batera que foi até pra frente do palco falar suas gírias cariocas.

Por mais noites como essa, onde o único vírus que predomina, é o vírus do metal, que transforma um pacato cidadão no cara mais feliz do mundo.

Da esquerda para a direita: Gabriel, Leandro, Glauber e Rodrigo

Andralls e Válvera reunidos

Set list do show do Varva



Confira a live!

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

A SOFISTICAÇÃO DO FEELING



Enéias Ribeiro
é um músico que leva o Blues na alma e no coração. Ele transmite paixão quando fala sobre música, quando fala sobre o instrumento que escolheu para enfrentar a vida: a gaita. 
Ele fala sempre com amor sobre a cultura em geral: seja sobre livros, filmes, peças de teatro e discos.

Nesta entrevista reveladora, o também luthier e professor conta um pouco sobre a sua trajetória nesses 15 anos de estrada.

Confira, porque ficou muito legal!



Enéias Ribeiro, como surgiu o seu interesse pela gaita?

R: Não sei precisar, arrisco dizer que gaita sempre me fascinou. Depois fiquei sabendo que aquele som que me soava tão familiar era predominantemente blues. E quando conheci um pouco da história desse gênero musical fiquei ainda mais fascinado. Lembro de assistir uma peça de teatro e ficar emocionado com a trilha sonora. Depois da peça o pessoal tava no bar tomando cerveja e ali acabei descobrindo que o som de gaita da trilha era de um cara chamado Charlie Musselwhite. Foi o inicio de uma jornada sem volta.


A Pedrock Press fala bastante de rock em suas postagens, e o que mais vemos são os músicos reclamando da cena rock 'n roll, e no blues, qual a sua opinião sobre a cena blues?


R: Vejo o pessoal reclamando bastante das “panelinhas”. E de fato não existe uma cena de blues propriamente dita, o que existe são pequenos festivais, bares que tem blues em sua programação e cada um faz sua própria cena, monta seu próprio festival ou segue fazendo seus próprios shows. Ou seja, cada um na sua “panelinha” mesmo. Por outro lado vejo muitos iniciantes sem paciência de trilhar um caminho sólido e consistente, querem “queimar” todas as etapas, começa a fazer shows na semana passada e já quer o mediático reconhecimento, dominar a cena e quiça ser considerado um ícone. Não costuma funcionar assim, precisa ter paciência e continuar trabalhando. Até pode acontecer, mas dificilmente alguém é consagrado de primeira.


Sei que essa pergunta não é fácil (risos), mas quantas bandas você já teve? Quais foram as que você mais se identificou?

R: Nossa, me deixe pensar...no mínimo umas cinco bandas além dos projetos duos. Não me identifiquei tanto com as bandas pelas quais passei, a menos que eu monte minha própria banda será sempre um projeto do vocalista, a banda costuma tocar o que o vocalista quer cantar. Me identifico muito mais com os projetos de duos porque daí tem espaço para colocar um repertório voltado mais para a gaita, com destaque maior para o instrumento.


Fale um show predileto que você tocou e um que você assistiu:

R: É mais fácil dizer o que assisti, de longe o da Sharon Jones no Festival de Blues de Paraty em 2015, até as backing vocals eram sensacionais. O vozeirão da Sharon estremecia tudo e ela tinha uma energia e uma força de arrepiar, arrancando os sapatos e jogando para os fundos do palco, rodando a cabeleira e se comunicando com o público com tanta firmeza, aquilo realmente me derrubou, vai ficar marcado. Dos gaitistas gosto dos shows do Andy Just, ele tem muito carisma e transmite uma energia que envolve o público. E realmente não sei dizer o show predileto em que toquei, o importante é ter retorno pra gente se ouvir legal, tendo isso já é mais do que meio caminho andado para um bom show.


Se pudesse citar 5 discos para o pessoal conhecer e aprender sobre o blues, quais você indicaria?

R: Para começar posso citar alguns que gostei muito como Sonny Terry, que é muito conhecido por fazer dupla com Brownie McGhee, mas o Cd que mais me marcou - e o curioso foi que achei esse disco a preço de banana nos cestos de lojas do centro de São Paulo – foi do Sonny Terry com o guitarrista Lightnin’ Hopkins, ouvi demais esse cd, foi meu primeiro cd de gaita blues que eu comprei na vida. O “two trains runningum” do Brendan Power ouvi bastante, esse é dos poucos discos em que o Brendan tá tocando blues, geralmente ele toca música celta e é incrível porque se você quiser tocar como o Brendan você precisa de gaitas especiais, com modificações específicas, não é com uma gaita comum. Outro disco que é lindo é o “Friday Night Fatty” do Bharath and his Rhythm Four. Também me marcou o “Safra 63” do Blues Etílicos. Mas sua pergunta é uma indicação para o pessoal aprender sobre o blues, então eu indicaria todos do Muddy Waters e os gaitistas que tocaram com ele: James Cotton, Little Walter, George “Harmonica” Smith e Jerry Portnoy, pode escutar sem moderação, a verdadeira escola do blues.


Você talvez seja um dos poucos gaitistas que também constroem o instrumento (luthier), como surgiu esse interesse em construir o seu próprio instrumento de trabalho e diversão?

R: A princípio foi uma curiosidade de querer entender e saber como a gaita funciona, mas conforme fui evoluindo como instrumentista acabou sendo uma questão de necessidade. Quando a gaita quebra, primeiro vem a procura pelo escasso profissional que é o bom luthier de gaita, depois enviar a gaita e daí esperar até o luthier fazer seu trabalho e normalmente o luthier tem muito trabalho, o que significa que minha gaita não vai chegar e já ser feita, tem outros clientes na minha frente e tudo isso pode levar um tempo do qual não disponho. Muitas vezes precisamos de urgência, a gaita quebrou e tem show pra ser feito e nenhum luthier num raio de centenas de quilômetros. O que fazer? Eu mesmo tenho que me virar. Por isso comecei a fazer os raros cursos que apareciam até o dia que recebi o convite pra trabalhar numa fábrica de gaitas e foi aí que desenvolvi a plena função de um luthier que é literalmente construir o instrumento.


Aqui na Pedrock nós temos a pergunta clássica "o que é o rock pra você?", mas agora vamos mudar um pouquinho e mandar: o que é o blues pra você?

R: É a cultura com a qual me identifico, a arte é algo poderoso porque tem valor humano, ela ultrapassa barreiras e é atemporal. A arte mesmo não é institucional, não é formalizada, ela pertence às ruas, ao povo e acolhe qualquer um que com ela venha a se identificar, mesmo que momentaneamente.


Você também é professor de gaita, como tem sido esse trabalho com os alunos interessados em aprender sobre esse maravilhoso instrumento?

R: Sempre gostei de ensinar e a gente aprende muito passando nosso conhecimento adiante e outras vezes com o próprio aluno que traz questionamentos interessantíssimos que eu nunca havia pensado antes. Outra coisa admirável é a democracia que a música proporciona abrangendo todas as classes sociais e do exercício constante de auto controle do professor não apenas em relação de respeito ao ritmo de aprendizado do aluno – paciência é algo que precisa ser inerente ao bom profissional - mas também respeitar o outro como ele é. Tenho alunos de gaita evangélicos, da igreja assembleia e testemunha de jeová. Tenho alunos de gaita policiais, militar e sargento. Aluno cego, piloto de avião ou com problemas mentais. Japonês, negro, branco, azul claro e escuro, cor cinza ou sei lá que cor. De culturas das mais variadas e formas de pensamentos completamente dissonantes da minha e até aluno que não suporta Blues. Alunos que bebem e alunos sóbrios. Aluno que falta na aula porque estava na loucura. E também posso dar aulas para bandidos, para artistas ou donas de casa. Nunca tive problemas com ninguém.

Seus gaitistas prediletos: 

R: São muitos, falando pela ordem que me vem na mente: Charlie Musselwhite com seu agudo belíssimo e impactante, Kim Wilson com seu blues tradicional, Mark Hummel com seu swing, William Clarke visceral e necessário. Os gaitistas de timbres marcantes como Gary Smith, Sugar Ray Norcia e Rod Piazza. Tem também os mais modernos que são Pat Ramsey, Andy Just, Mark Ford e Jason Ricci. O blues melódio do Steve Baker. Flávio Guimarães a grande referência brasileira. A lista é gigante e ainda nem falei dos caras que começaram tudo isso, a raiz que é Sonny Boy, Little Walter e Big Walter Horton. A rítmica alegre do Blues rural do Sonny Terry é outra coisa fascinante. Na música country gosto demais do Charlie McCoy e Norton Buffalo. O Feeling contagiante do James Cotton. São muitos os gênios da gaita, Howlin’ Wolf um gaitista de feeling e personalidade. Pra finalizar não posso deixar de citar o grande gênio da gaita cromática blues, George “Harmonica” Smith.

Qual a maior dificuldade que você encontra no seu trabalho tanto de músico, como luthier e professor?
 
R: Na música integrar uma banda nunca é fácil, além de pensarmos diferentes e de termos gostos e inclinações diferentes, invariavelmente acabamos nos esbarrando num tal de “ego inflado”. Muitos músicos são megalomaníacos, especialmente solistas e vocalistas. Uma falta de capacidade de perceber que o outro também existe, acontece de um instrumentista solar ininterruptamente e simplesmente não passar a bola pro colega que também precisa solar. O cerne da questão é controlar melhor esse narcisismo que não enxerga o outro. Como luthier a grande dificuldade são os próprios colegas de profissão que não respeitam o seu trabalho. Tudo bem pedir desconto, a gente quer ser legal e dá um desconto mas eles nunca estão satisfeitos e continuam “chorando” o preço, vergonhosamente querendo levar vantagem, não valorizam o seu trabalho, querem tudo e não querem pagar nada. É triste. Isso não acontece em outros países, nos Estados Unidos por exemplo, eles pagam o preço pedido e pronto. Valorizam o profissional, é outro nível de educação. E a grande dificuldade como professor sem dúvidas são os alunos muito afoitos, não tem paciência de escutar e o aluno que não escuta também não aprende.

Muito obrigado, Enéias pela entrevista! Fique à vontade para falar suas considerações finais...

R: Gostaria de falar do equilíbrio entre técnica e feeling. No blues se fala muito em feeling, mas só o feeling não resolve nada. Se fosse assim qualquer pessoa poderia ser qualquer coisa, já que sentimentos é comum a todos: Ator, caminhoneiro, escritor, recepcionista, cantor e etc. Arte pra mim é a sofisticação desse feeling. A técnica necessária para expressão de sentimentos diversos - complexos ou não. Um bom escritor por exemplo lê muito, tem a sofisticação do vocabulário. Logo vai se expressar melhor. Dom só tem efeito quando lapidado e isso serve para qualquer coisa.

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

A VACINA? É O HEAVY METAL DO VÁLVERA!



O Válvera está de volta com o álbum mais pesado da carreira, honrando os mestres do heavy metal.


Após o aclamado Back To Hell 

O álbum que levou o Válvera para voos mais altos- uma turnê europeia, parcerias pelo mundo todo, a banda também atingiu outros fãs, depois de ter feito a difícil mudança de português para inglês em suas letras (o primeiro disco ainda era na língua de Pedro Álvarez Cabral), chegou a hora da banda se consolidar como uma das principais do país da Cloroquina.

Glauber Barreto (voz e guitarra), Rodrigo Torres (guitarra), Gabriel Prado (baixista) e Leandro Peixoto (batera) fizeram um belíssimo disco chamado Cycle of Disaster. Esse é o terceiro da discografia da banda que foi fundada em 2010, nada melhor que comemorar esses dez anos lançando um trabalho que ficará na história da música pesada do Brasil.
Uma observação: Jesiel Lagoin, ex-baixista da banda, gravou as faixas do álbum. 

O primeiro single desse novo trabalho "Bringer Of Evil",  teve muitas críticas apontando que o Varva (como é popularmente conhecida a banda) encontrou o seu som, o seu estilo, nessa música. O jornalista dessa resenha também concorda. Como diria o gênio narrador Sílvio Luis: confira comigo no replay:


O Válvera após intensa divulgação da primeira música do Cycle Of Disaster, resolveu nos presentear mais uma vez com uma das canções mais bem trabalhadas do novo álbum, "Glow Of Death", aqui podemos ouvir as diversas influências do grupo: desde o clássico metal até as bandas mais novas como Machine Head, Gojira, Mastodon, e por aí vai descendo ladeira acima (com o Varva é assim, a gente inverte até o dito popular)...


A música relata o episódio ocorrido em Goiânia, do Césio 137, onde pessoas, inocentemente, foram contaminadas por radiação de um aparelho que estava perdido em um ferro-velho, catadores levaram para casa, e centenas de pessoas sofreram com o chamado "Chernobil brasileiro".
A canção do Válvera tem vários andamentos, uma afinação diferente dos outros álbuns da banda, o disco inteiro está assim: mais potente, mais soco na cara, vai agradar muitos fãs de metal.

São 9 canções que não deixam o ouvinte respirar, quando achamos que vem o momento da calmaria, a tempestade aparece toda hora, e se você acha que vai ficar incólume aos riffs do Glauber (aliás, o que esse cara está cantando é uma barbaridade) e do Rodrigo, você está totalmente errado. Como um furacão que destrói tudo onde passa, mas mesmo assim você quer ver a sua beleza.

O disco abre com "Nothing Left To Burn", um thrash metal de enlouquecer, o vocalista berra "burn!", e começa um dos melhores discos que ouvimos na vida.
Os dois guitarristas estão tinindo, a dobradinha do Varva já é característica, faz parte do estilo do quarteto, um completa o outro.
O batera Leandro é um dos mais rápidos do estilo. Esse é o primeiro disco do músico com a banda, e tem tudo pra evoluir nos próximos álbuns.

A segunda faixa leva o mesmo nome do disco: "Cycle of Disaster", confesso pra vocês que, escutei o começo da música várias vezes pra entender o que esses quatro manos fizeram aqui. E meus olhos encheram de lágrimas, pois o peso de uma banda de metal me emociona quando compõem uma parada diferente e bem trabalhada. O álbum já poderia parar aqui. "Quatro músicas, Pedro?! Tá maluco?". Acho que tô mesmo. Após ouvir esse disco, você vai ficar doido, querendo ouvir de novo, de novo, e de novo...

O ser humano extermina os animais, trai o amigo, é ingrato, passa por cima de qualquer um, rouba a população, querem nos tirar a sensibilidade, querem acabar com o amor, para todos esses sentimentos ruins, eu vou escutar essa música "Cycle Of Disaster" e me libertar.

"The Damn Colony" aborda o Holocausto Brasileiro. Se você nunca ouviu falar dessa verídica história, prepare-se para uma tragédia sem fim. Mais de 60 mil mortes em um hospício. Os pacientes morriam de fome, frio e eram torturados nesse hospício nos anos 60 e 70. Se você achou que o Válvera está muito pesado nesse terceiro álbum, agora entenda o porquê. O Brasil nunca foi um país da bossa-nova, o Brasil é heavy metal até o final dos tempos.
O refrão dessa música fica na nossa cabeça. O começo da canção nos remete a um médico dizendo "aqui ninguém poderá sair...".

A quinta canção,"All Systems Fall", começa num bate-cabeça incrível, quem tem cabelo ou quem não tem, impossível não mexer, e impossível ficar parado com esse petardo. Rodrigo Torres apavora com os seus solos, mas calma aí, que os solos mais bonitos do disco estarão na próxima faixa.

Eu conheço os caras do Válvera faz 5 anos. Talvez um pouco mais. E nunca me esqueço quando assisti o show da banda pela primeira vez em 2015. Me trouxeram uma alegria impagável por estar ouvindo um som pesado e com muita qualidade. 
Eu escrevo isso, porque a sexta faixa do álbum "Born A Dead Planet" é a melhor música que eles já fizeram em toda a sua carreira. E mais uma vez fiquei comovido com uma música. Meu caro amigo leitor, quando você for escutar, repare nos riffs, se ligue nos solos, é uma das melhores músicas de metal que você vai ouvir. O lyric video da obra-prima está para sair, fique ligado.

"O.S 1977" não deixa a poeira assentar, muito pelo contrário, faz o espírito dos músicos inspirados continuar a nos surpreender.

"Lute pela sua vida", essa é a tradução do nome da oitava canção do álbum, é perfeita para definir a carreira da banda. Eles surgiram no interior de São Paulo, e desde 2013 vieram pra São Paulo tentar fazer uma carreira digna, e para isso já passaram por vários perrengues, falta de grana, falta de comida, falta de luz, gás, troca de integrantes, mas eles estão aí, em plena pandemia desse vírus maldito, dando de presente para os amantes do metal, um disco que daqui a 10 anos será considerado um clássico, e quem será chamado de mestres será o Válvera!


segunda-feira, 7 de outubro de 2019

UM SONHO QUE SE SONHA JUNTO...

    O DIA DO METAL NO ROCK IN RIO
                                   
Confesso que não estava muito animado com esse Rock in Rio. Mas, sabe quando lhe dá um instalo, e você pensa: "caramba, vai ser um dia histórico para o metal nacional, preciso estar lá!".

Vocês podem achar que sou louco, mas eu fiquei ansioso para ir exatamente pelas três bandas que iriam abrir o evento, e seria a primeira vez delas no Rock in Rio: Nervosa, Claustrofobia e Torture Squad. E ainda de quebra no line-up do festival teria Slayer, Sepultura, Anthrax e Iron Maiden.

Já vamos voltar às bandas nacionais, antes, vamos contar como chegamos no Rock in Rio:

São Paulo, 15:30 , dia 3 de outubro, após trabalhar, e a chefe me liberar para faltar na sexta-feira depois de muita hora extra, era a hora de pegar o ônibus para o RJ. Muitos roqueiros/metaleiros dentro do bus, eu estava de social-sport, talvez enganando como um cara que nem sabia o que ia rolar na sexta-feira no Rock in Rio. Mas assim que é legal. A surpresa é sempre bem vinda.
Com 6:30 de duração, a viagem finalmente chegará ao fim (com uma pequena parada em Aparecida de meia hora) chegamos na Cidade Maravilhosa. Graças aos deuses do metal que não estava um calor de 40 graus. No Rock in Rio de 2013 a temperatura passava dos 40...

Perguntei para uma garota se era possível pegar um Uber ali na rodoviária da cidade do Rock in Rio. Como eu já previa, ela disse que não. Os taxistas dominam a entrada da rodoviária. Caminhei um pouco e consegui chamar o motorista da uber. Era um simpático vascaíno, que ganhou a maior gorjeta da noite, pois ele não tinha troco. Eu chegava ao meu destino, e agora precisava descansar para a maratona do dia seguinte.

Dormi bem, e acordei empolgado para chegar logo ao Rock in Rio. Comi um dos melhores sanduíches que já provei, um misto-quente com ovos e bacon, era tão caprichado que após matar a larica com três deles, isso serviu de combustível para me dar fome no festival só lá pelas 18 horas.

A estação do metrô Nossa Senhora da Paz era perto de onde eu estava ficando, perguntei para um casal com camisa do Iron Maiden (eles também estavam indo para o RIR). Quase meio-dia, e eu já estava apreensivo para chegar ao festival. Ainda era cedo. Comprei o Rio Card, R$28,00, ele dava direito a pegar o BRT, o ônibus que sairia da estação Jardim Oceânico e nos deixaria na porta do Rock in Rio.

Uma multidão se aglomerava para pegar o BRT, parecia saída de jogo de futebol. O bus demorou pra chegar, e depois que entramos, o veículo demorou um pouco para sair. Todo mundo cantando dentro do BRT, um colombiano fazia a festa gritando: "vamonos... vamonos..." Um calor insuportável.
Ele bebia uma Skol, um brasileiro disse para o colombiano: "você está tomando a pior cerveja do Brasil". Todo mundo caiu na risada.
O mesmo colombiano já pegando o espírito brasileiro bravou: cerveja brasileira, cerveja... só 50 reais.

Quando o ônibus começou a andar, todo mundo gritou como se fosse um gol. E como o transporte coletivo estava lotadíssimo, nas curvas ele quase tombava, e todo mundo também soltava suas vozes como se fosse uma montanha-russa.

Chegamos às 13 horas no gigantesco Parque Olímpico. Com 385 mil metros quadrados, eu diria que é até impossível conhecer tudo em um mesmo dia.
Os portões só iriam abrir às 14 horas. Enquanto isso, na fila, do lado de fora, tinha um palco, onde um belo duo tocava covers,  podemos ver de perto, a bela releitura das músicas dos Beatles.

Quase duas hora de tarde e ainda estávamos na fila, o primeiro show, das minas da Nervosa iria começar às 14:40. Seria que daria tempo de assistir? Ainda na fila, na minha frente, em uma coincidência gigantesca, encontrei minha amiga Andrea, a presidente do Claustruth- fã clube do Claustrofobia.

Após passarmos pela revista, conseguimos entrar! Eu comecei a andar rápido, não queria perder o show da Nervosa.

Fernanda Lira (vocalista e baixista), Prika Amaral (guitarrista) e Luana Dametto (bateria) entraram no horário previso. Como muita gente falou, nunca se viu tanta ovação para uma banda de abertura, elas já conquistaram o público nos primeiros acordes. Com quase 10 anos de estrada, a banda na sua discografia conta com três álbuns e dois eps, já se apresentaram em mais de 50 países. A plateia no palco Sunset ia chegando e após as primeiras músicas, já estava lotado, e com vários moshs rolando, a Nervosa fez um show histórico. No palco, Juninho (baixista do Ratos de Porão) filmava com orgulho a sua namorada, Fernanda. Os pontos altos do show foram a homenagem para a vereadora assassinada Marielle Franco e a crítica a união entre política e religião que nos assola hoje em dia. Enquanto o coro uníssono de xingamento ao nosso presidente rolava, a banda não parava e disparava o seu thrash potentíssimo não deixando ninguém parado, na "Into Moshpit" o trio mostrou mais uma vez, como disse nas suas próprias palavras, Fernanda: "acharam que mulher não sabia fazer thrash metal... quem achou tava errado". Palmas para essas três mulheres que aguentaram muita patifaria, para conseguirem realizar um dos sonhos de suas vidas.

Uma historinha off-record: eu acompanhei muitas vezes a jornalista Fernanda Lira antes dela começar com a banda Nervosa, já a admirava nos programas Maloik, e nas suas entrevistas com grandes nomes do metal para revistas, etc. Quando a Nervosa surgiu, eu trabalhava com a banda Muqueta na Oreia, e tentei organizar uns eventos com essas duas bandas. Conversei com a Fernanda e perguntei o que ela achava do Muqueta abrir o show para elas. Fernanda com uma simplicidade incrível, me disse: "magina, cara, nós que temos que abrir para o Muqueta!". Achei muito legal isso. Talvez seja daí que venha todo o seu sucesso e da sua banda. Vemos muitas pessoas arrogantes nesse meio, inclusive nesse Rock in Rio mesmo, um grande amigo me contou sobre um famoso vocalista de uma banda de metal. Mas isso é uma outra história...

Ainda era cedo, mas eu já estava com o pescoço dolorido de tanto banguear, a próxima banda, ou as próximas a se apresentarem, seriam o Claustrofobia e o Torture Squad. Todos estavam ansiosos aguardando o encontro dessas bandas com a lenda do metal, Chuck Billy do Testament.

Vou deixar para falar sobre o Claustro mais pra frente, antes quero comentar sobre o Torture Squad. O Torture já tocou no maior festival de metal do mundo: O Wacken Open Air. Com quase 30 anos de história, com mais de 10 discos lançados, a banda atualmente é formada por: Mayara Puertas (vocalista), Rene Semionato (guitarra), Castor (baixo) e Amílcar Christófaro (bateria). A banda já teve muitas formações, mas muitos dizem que essa atualmente é o melhor line up da banda. May "undead" é uma frontman espetacular, alternando guturais com agudos com a mesma intensidade, uma curiosidade é que a Fernanda Lira da Nervosa indicou a Mayara para entrar no Torture Squad, na época, Amílcar namorava a Fernanda. Após esse momento "Nelson Rubens", vamos voltar a falar sobre o poderoso show do Torture. Com imagens do clipe de "Blood Sacrifice", essa faixa está no último disco da banda "Far Beyond Existence", e com a performance da Maha Kali, a deusa hindu, no palco, interagindo com a vocalista do TS, deu um brilho especial a apresentação mais do que espetacular da banda. Com mais duas músicas: Horror and Torture e Raise your Horns, que tem o refrão perfeito para esse dia do metal no Rock in Rio: "I'm a banger!".

Os caras do Torture são gente fina pra caramba, estive duas vezes no estúdio deles, e pra mim foi a realização de um sonho, ver uma banda tão foda ao vivo, ali, só pra mim, em um ensaio rotineiro. Fiz uma entrevista com eles, está aqui no blog, clique nas tags aqui do lado direito e leia uma das entrevistas mais legais que fiz na minha carreira de jornalista.

Antes do Torture Squad subir ao palco, vi meu grande amigo, Stephan Natal, o popular "Gordão", trabalhando como roadie, me deu um puta felicidade ver meu amigo realizando também um sonho, eu sei o tanto que o Gordão trabalha, gritei pelo seu nome, ele me viu e me acenou, botando a mão no peito, e no coração, sem palavras, mio fratello.

Daqui a pouco continuo falando sobre o Torture e sobre o encontro que aconteceria entre o Claustrofobia, o Torture e o Chuck Billy do Testament.

Ao término desse encontro, eu já estava podre, muito cansado, e ainda eram umas17 horas... Escutei o Sepultura de longe, até estranhei, porque o show da maior banda de metal do Brasil de todos os tempos, estava programado para começar às 18 horas. Mas, como a minha sede era muito grande, bebi um litro de refrigerante, e fui até o palco Mundo conferir o SEPA.

Com a plateia já quase em 100 mil pessoas, o Sepultura fez um show habitual do grupo: ou seja, não deixam pedra sobre pedra. Andreas soltou que a banda estava fechando a turnê do último disco "Machine Messiah", que exatamente havia começado no último Rock in Rio. A banda divulgou a capa e nome do seu próximo disco que será lançado em 2020- "Quadra", e tocaram uma canção nova. Será que o álbum será inspirado no Império Romano?

Depois do show da banda globalizada, no melhor da palavra, era a hora de procurar um lanche e caçar as camisetas do festival.

Com dois sanduíches e muita água na cachola, era a hora de presenciar o último show do Slayer em terras tupiniquins. Eu já estava muito cansado, como mencionei acima, mas queria curtir o show numa boa, porém,no show do Slayer você não consegue curtir numa boa, você tem que entrar nas rodas, e não tinha como escapar, era mosh para todos os lados, inclusive com sinalizadores acessos no meio do público. O Slayer fez um show digno de uma banda que dá medo. Hoje em dia é raro isso. Nos tempos atuais, é todo mundo bonzinho fazendo rock and roll.

Chegava a hora de dar mais uma volta, resolvi dar um pulo na roda gigante. Imaginei que ficaria umas duas horas na fila, até que foi rápido. Conheci um casal e uma família bem legais. Nesses festivais, mesmo você estando sozinho, você acaba conhecendo e conversando com muita gente bacana.
Na roda-gigante tive um dos momentos mais bonitos da minha vida. O show do Iron Maiden começou e eu assisti lá de cima. Foi épico. Quem diria que um dia assistiria um show da banda mais famosa do metal mundial junto com o Metallica, de uma roda gigante?! Foi surreal, eu só podia abrir um sorriso e agradecer os deuses do metal por um momento como esse.

O show do Helloween e do Antrax eu vi bem pouco, então não posso falar muito. Escutei muitos elogios sobre o show do Antrax. Helloween não é minha praia, mas alguns amigos falaram que foi um belo concerto.

Era quase meia noite, mandei mais um lanche, dessa vez do Cão Véio, do Henrique Fogaça, e resolvi que iria conhecer mais um pouco o parque olímpico e o Rock in Rio. Cheguei na parte da música eletrônica. Estava lotado. Do lado tinha uma montanha russa. Criei coragem e fui. Fazia anos que não entrava numa montanha russa. Quando desci da montanha russa, me deu uma bela dor nas costas. Quase 40 anos, não é mole. E ainda fora de forma. Hoje aqui em São Paulo, na volta, depois de 15 horas em pé, estou com bolhas no pé, e dor por todo o corpo. Mas valeu a pena. Sempre vale.

Não aguentei ver o show do Scorpions. Foi até melhor. Saí em um momento bem tranquilo. Peguei o BRT, e o metrô de volta para "casa". O inusitado aconteceu dessa forma: era quase duas da manhã, eu e mais 6 gatos pingados descendo na estação Nossa Senhora da Paz, a porta da estação estava fechada, mas, era só a gente abrir. Provavelmente fizeram isso para "despistar" os ladrões e mendigos.

Eu falei muito de sonhos nesse texto, de como deve ser difícil você batalhar para um dia chegar ao maior festival do mundo. As pessoas tem sonhos, alguns são bem fáceis de se realizar, outros só conseguem em outras vidas, ou só sonhando mesmo, e acordando suado por ter percebido que era só um "sonho". Pode ser o sonho da garota que vendia energético na saída do Parque Olímpico, ela me contou que sonhava em ver o seu time do coração no estádio. Pode ser um sonho de um garoto que um dia colocou a guitarra nas costas e disse para Deus e o mundo: " eu vou tocar no Rock in Rio!".

Lá pelos meus 13/14 anos, comecei a escutar Heavy Metal. É claro que a banda que me chamou a atenção e me fez  apaixonar pelo estilo foi o Sepultura. Só o nome já amedrontava. E eles eram brasileiros!
A banda já fazia sucesso no mundo inteiro. Eu já estava viciado no Sepultura. Consumindo tudo e mais um pouco sobre a banda.

Porém, nessa mesma época, eu vivia assistindo à MTV, e em um programa de disputa entre bandas, surgiu o nome do Claustrofobia. Eu fiquei impressionado com aqueles moleques, na época eram todos adolescentes. Assim como eu. Eu que não conhecia nada de metal naquela época, principalmente desse estilo. Me vi representado por aqueles caras. Eu sempre tive isso em minha vida: porra, poderia ser eu ali! Muitas vezes eu gostava mais da referência do que do original. É engraçado isso, tem várias bandas clássicas no rock que eu não gosto muito, mas gosto das bandas que se inspiraram nos medalhões. Com o Claustro foi uma identificação logo de cara. Parecia um sonho de moleque. Olha só, os caras com essa idade tão fazendo um som inspirados por uma outra banda que eu amo. Os caras são irmãos também. Vocalista e batera também. Eu era loiro igual eles. Se não tivesse perdido os cabelos, teria o cabelo do mesmo jeito (risos).

Eu fui acompanhando a banda, naquele tempo sem internet, a gente não sabia se a banda tocava, se ainda existia. Eu lembro que sempre ia até a Galeria do Rock perguntar "o Claustrofobia lançou um álbum?
Até que em 2000,eles lançaram o primeiro. Eu tinha 18 anos. E assim minha vida, como de muitos fãs da banda, e como muitos fãs de metal, minha vida foi seguindo paralela ao Claustro. Eu mostrava para todos os meus amigos que curtiam rock/metal o som dos caras, eu fiz amigas que não curtiam esse som irem no show no Outs na augusta. Eu fiz minha ex-namorada ir comigo no lançamento do dvd da banda.

O Claustro foi evoluindo, mantiveram a mesma formação por quase 20 anos: Marcus D'Angelo (vocalista e guitarrista), Alexandre de Orio (guitarrista), Daniel Bonfogo (baixista) e Caio D'Angelo (baterista).


É bem louco isso, uma banda ir acompanhando todos os passos da sua vida. Quando eu os conheci, eu estava no ginásio, depois colegial, na faculdade eu apresentei e emprestei todos os discos que tinha da banda para meu amigo Rodrigo. Fomos até na Expo Music ver os caras.

Até que em 2016 eu virei brother dos caras. Comecei a conversar com meu grande ídolo: Marcus. Ele viu que eu era muito fã, leu as coisas que eu escrevi sobre a banda e me convidou para estar com eles no Circo Voador, o Claustro iria ser a banda de abertura do Soulfly. Eles fizeram eu conhecer o meu outro grande ídolo: Max Cavalera. Só isso.

 Em 2019, recebemos a notícia que muitos fãs esperavam: o Claustro entrou para o line up do maior festival do mundo!


Com 6 discos e um ep lançados, o Claustro tocou pela primeira vez no Rock in Rio.

Atualmente a banda conta na formação com Marcus, Caio e Rafael Yamada (baixista). Eu nunca tinha visto um show deles com esse line up. E calhou de ser no maior festival do mundo: Rock in Rio!

A banda abriu o show com "Pinu da Granada", do álbum "Peste", tocaram "Metal Malóka" e "Bastardos do Brasil" e fecharam com "Peste", não
 sem antes tocar o mais novo single "Vira Lata".

Depois desses petardos, era a hora de chamar o Torture de novo para tocar com o lendário Chuck Billy do Testament. Foi uma aula da metal, com clássicos da banda americana.
Ao término dessa junção magnífica, eu só conseguia ver os olhos brilhando de todos os familiares das bandas presentes: o pai e a mãe dos três irmãos D'Angelo, o Bruno é o "chefinho" como dizem, faz de tudo pelo Claustro, ele que põe ordem na casa (risos), foi legal também o pulo que a mãe do Rene Semionato deu em cima do filho.

Foi um sonho realizado para todo mundo. Desde os roadies, aos assessores de imprensa: Phil Lima, Gleison Junior, os músicos e os fãs das três bandas que abriram o evento. Obs: eu criei uma playlist no Spotify com essas três bandas, o nome é Rock in Rio Metal Nacional.

Quando entrei no Rock in Rio estava tocando Beatles, quando eu saí, também. Talvez isso seja emblemático, da banda que mudou o conceito, ou criou o conceito do que é um fã.

 Um dia sonhei que assistiria o Claustro no Rock In Rio, eles há anos mereciam isso.

Eles conseguiram!!!

Quero agradecer ao meu Godfather, que também é um excelente músico
, pela estadia, e pelo ingresso! Ajudou a realizar mais um sonho, um sonho de um moleque que sempre acompanhou a sua banda do coração, e esteve com eles no maior sonho de suas vidas! Parece uma vitória também minha!

Acredite!

sábado, 6 de julho de 2019

HARDCORE COMBATIVO

É com grande satisfação que entrevistamos uma das melhores bandas de thrash/hardcore da atualidade, o Surra!

Conversamos com o baterista Victor Miranda, ele nos deu uma visão interessante dessa banda que desde 2012 está desbravando o mundo com o seu som. Confira que ficou bem legal!



(Da esquerda para a direita: Victor Miranda- batera, Leeo Mesquita- guitarra e voz, Guilherme Elias- baixo e vocal)



Pedrock Press: Desde o primeiro trabalho do Surra, o ep clássico "Bica na Cara", vocês já lançaram vários álbuns, eps, dvd, o que vocês podem dizer desses 7 anos de batalhas no underground?

Victor: São 7 anos de teimosia, tentando fazer barulho e ser levado minimamente a sério. Acho que ainda temos muito chão pela frente, até agora o que fizemos eu acho que foi só uma construção para a gente achar o nosso caminho. Agora temos que ir em frente, não tem jeito. Eu sempre digo que ter uma banda não é uma corrida rápida de 100m, mas sim uma maratona extremamente cansativa. Quem tem mais resistência, colhe os frutos no final.

 


Pedrock Press: A banda está lançando o "Escorrendo pelo Ralo", o que vocês podem destacar nesse novo play? Como foi a gravação e as composições?

Victor: Esse disco levou 2 anos para ser feito e, acho que isso é unânime na banda, saiu bem do jeito que nós tínhamos imaginado. Apesar de trabalhão que deu, desde o processo de fazer as músicas no Estúdio Warzone, até fazer todas as sessões de gravação e mixagem no Family Mob, no final ficou um resultado muito gratificante.

Pedrock Press: Vocês fizeram várias turnês pelo Brasil, o nosso país deu uma melhorada nas infraestruturas dos eventos ou ainda está complicado organizar shows?

Victor: Acho que depende muito do local e do tipo de evento. No Brasil, especialmente em alguns lugares, existem alguns desafios logísticos que são bem complicados. Uma vez fomos tocar no interior do Pará e um rapaz estava contando que uma banda gringa foi tocar lá e queriam achar um silver tape pra vender, e isso simplesmente não existia em nenhum lugar da cidade. Então eu acho que a cobrança de infraestrutura tem que ser algo realista. É óbvio que em um evento de prefeitura, com milhares de reais investidos, o mínimo que se espera é que tenha uma estrutura boa de som, mas em eventos menores, muitas vezes temos que contar com o esforço da organização e de nós mesmos das bandas para compensar as deficiências técnicas.

Pedrock Press: Como é a recepção dos europeus ao som do Surra?

Victor: De todas as vezes que nós fomos, agradou bastante. Eles acham bastante curiosa a mistureba de sons rápidos que a gente faz, ao mesmo tempo que se mostram curiosos para saber das letras, da situação do país, etc... Acho que nós temos muita influência de bandas daqui mesmo, que possuem uma identidade reconhecida internacionalmente. Isso é bacana. Tentar levar pra lá o nosso jeito de fazer música rápida e extrema.

Pedrock Press: Vocês poderiam citar 5 bandas que vocês estão ouvindo atualmente...

Victor: Falando por mim, eu tenho ouvido bastante:

Devil Master - uma banda dos EUA que mistura um punk/hardcore com algumas coisas de Black Metal. Achei demais.

Night Birds - é tipo um Dead Kennedys, misturado com Adolescents, e letras que falam sobre filmes do John Carpenter.

Ratos de Porão - acho que dispensa comentários

Converge - uma das maiores bandas do underground mundial. É uma inspiração que vai além da parte musical.

King Gizzard & the Lizard Wizard - uma banda australiana com 2 bateras, 3 guitarras... Cada disco deles é um tipo de som diferente, com uma temática diferente. É uma das bandas mais doidas que eu já ouvi. O último trampo deles têm sido lançar vários singles de Thrash Metal, um estilo que eles nunca tinham explorado antes.


Pedrock Press: Aqui na Pedrock Press, nós temos uma pergunta clássica que é: o que o rock significa pra vocês?

Victor: Pra mim significa o estilo de música que abriu todo um mundo pra mim desde criança. Estimulou a minha imaginação e, de uma forma e de outra, moldou quem eu sou hoje.


Pedrock Press: Valeu pela entrevista. Se quiserem, deixem um recado final...

Victor: Muito obrigado pelo espaço!



Pedrock Press: Escutem o último álbum da banda abaixo, recomendamos urgentemente!





segunda-feira, 1 de outubro de 2018

GORDÃO, O REI DO GROOVE!




Entrevistei esse grande baterista e ser humano, Stephan Natal ( Gordão), músico que leva o seu ritmo para todos os cantos do país.
Em uma entrevista sincera e emocionante, Gordão revela todo o seu amor pela música.

Confira:

Pedro: Stephan Natal, nos conte um pouco como foi o seu começo como músico

Stephan: Eu comecei a tocar bateria com 13 anos, sempre quis estar envolvido com música, meu pai foi baterista do Renato e seus Blue Caps, a vida inteira ele me mostrava os discos, envolvia muita música, então isso aí já me influenciou desde criança. Então aos 13 anos eu comecei a  tocar bateria, fui aprender violão, não consegui aprender violão, a professora falava pra mim: como violonista você dá um excelente baterista... eu ia pra aula, ficava batucando no violão, não conseguia tocar. Aí voltei a tocar bateria, aí graças a Deus me desenvolvi no instrumento. Aí quando eu tinha 17 anos fiz meu primeiro show com uma banda chamada Letal Gab, que era cover de Red Hot Chili Peppers, depois a gente começou a escrever umas músicas próprias, mas era uma formação de adolescente, ninguém queria se profissionalizar, a gente só queria tocar, tirar uma onda, e logo acabou. Tive uma outra banda de pop rock, que eu tive a honra de trabalhar junto com o Anderson, que foi baixista do Kiko Zambianchi, ele era o produtor da minha banda, um ser humano "iluminadaço", infelizmente ele faleceu há 2 anos, foi o cara que me ensinou a respirar música, de verdade, o cara que me ensinou a tirar o som do instrumento, ele falava que tinha que fazer a bateria falar, que o difícil é fazer o fácil, então por isso que meu estilo de tocar batera é... não sou um baterista rápido, mas eu sou um baterista constante, eu gosto de tocar groovão, segurar o groove, poucas viradas, mas as viradas que eu toco são aquelas que falam, que a pele ressoa, sacou? Depois eu tive o Stanka , na sequência eu trabalhei como produtor, nesse meio tempo trabalhei como roadie e estou trabalhando como roadie profissional e baterista profissional do Rage Against The Machine Tributo Brazil.

Pedro: Sempre sonhou em ser músico ou a vida te fez seguir por esse caminho?

Stephan: Eu sempre fui muito influenciado pelo meu pai, meu pai escutava bastante rock and roll, bastante blues, bastante jazz, rock nacional bastante também, então eu sempre tive essa veia musical, eu acho que tudo na infância contribuiu para eu me tornar músico, porque meus pais compraram pra mim um tecladinho de criança, eu já começava a fazer barulhinho, fui crescendo escutando os discos que meu pai gravou com o Renato e seus Bluecaps, acho que ele gravou um disco só, o primeiro. Meu pai era amigo do Nescau, o cara que fez o jingle "Pizza com Guaraná", tocou com ele em outra banda, então eu sempre fiquei envolvido nesse meio musical, nunca tinha levado em consideração isso, até montar uma banda de pop rock chamada Irã, que foi dos meus 18 até os 20 anos, foi onde eu conheci o Anderson, produtor da minha banda, o baixista do Kiko, que eu comentei anteriormente, ele tocou com o Ordep, aí ele abriu minha mente, e me mostrou a possibilidade da profissionalização da música, fora do mainstream, que o pessoal tem dificuldade em enxergar esse tipo de coisa, então ele mostrou pra mim que é possível sim viver de música sem estar na mídia. O pessoal acha que não existe isso, né?! Que músico é igual a mídia, mas não, pelo contrário, pouquíssima parcela dos músicos que estão na mídia, na tevê, na rádio,a  grande safra dos músicos mesmo, grandes músicos, às vezes a gente nem escuta falar, a partir dessa banda eu comecei a me profissionalizar, comecei a trabalhar de roadie também, comecei a aprender também e me apaixonei pelo backstage e estou até hoje.

Pedro: Na sua família existem outros músicos?

Stephan Gordão: Como falei antes, meu pai tocava bateria, minha mãe é artista plástica, os meus dois avós... um foi desenhista industrial e o outro era ator, então minha família sempre respirou arte, sempre teve artista, não digo necessariamente músico, mas um foi pro lado da música, outro para as artes dramáticas, tenho um primo que fez curso de palhaço, ele é palhaço profissional, então minha família sempre respirou arte, e isso é uma coisa bem legal. Tem meu irmão também que tocou comigo no Irã, no Stanka durante muito tempo a gente trabalhou junto, então todo lado da minha família que você olha assim tem arte acontecendo, com certeza isso me influenciou pra caramba, porque eu cresci nesse meio, no meio do desenho, da pintura, da escultura, da música, da gravação, do teatro, do circo...

Pedro: O que a música significa pra você?

Gordão: A música pra mim é tudo, até quando você não trabalha com música, você está cercado por música, escutando rádio, conversando sobre música, é uma maneira de se expressar fora do mundo escrito, de colocar todo o sentimento que você tem dentro de uma música, de uma letra, de um groove, de uma linha de guitarra, de uma linha de baixo, do canto, do batuque, qualquer coisa. Acho que a música é a válvula de escape do ser humano conseguir respirar fora dessa sociedade louca, acho que ela sempre existiu como N maneiras, seja como contestação, entretenimento, mas ela sempre vai existir, ela sempre vai ser essa válvula de escape, quando você vai num rolê escutar uma música pra extravasar, você vai fazer o show, escutar o show da banda que você gosta, vai ver o show da banda que você gosta, acho que até quando não tem música necessariamente dito, o instrumento, coisa gravada, a música está presente, então é a coisa mais maravilhosa que existe, que o homem consegue trabalhar com pureza, se você for pensar música é um negócio puro, a parte artística, vamos levar em consideração a parte artística, é um negócio puro, não tem preconceito, não tem homofobia, não tem racismo, não tem nada, na sua essência, então é a melhor coisa que existe no universo é a música, as frequências, as cores que as frequências pintam são as melhores coisas que existem.

Pedro: Quantas bandas você já teve?

Gordão: Eu sempre tive bandinha quando era menor, mas quando eu comecei a fazer banda de verdade, foi o Letal Gab, foi a primeira banda que eu tive, era cover de Chili Peppers, depois a gente começou a fazer música própria, era na época que eu morava em Barueri, então, a gente fez vários shows ali na área, tinha uma galerinha que colava, eu tinha 17, 18 anos, mas durou pouco tempo porque o pessoal estava no colegial, ia fazer faculdade, então acabou que não durou, depois tive uma banda que chamava Irã, como falei antes, que era de uns amigos meus, o Anderson era o produtor, vou repetir de novo, porque esse cara era o mestre do bagulho! A gente chegou a gravar um disco, só que a gente nunca lançou porque... apesar de todo mundo querer se profissionalizar, era muito diferente o que cada um queria, então tinha um cara que queria ir pro sertanejo, tinha um cara que queria ir pro rock, outro que queria tocar psicodélico, então a gente não chegou num consenso, acabou ficando um pouco nonsense, como cada música era de um cara da banda, tinha uma música minha, tinha uma música de um cara, então a banda tocava um pouco de tudo e não fazia sentido nenhum, não se encaixava em lugar nenhum e a gente achou melhor não lançar o disco e terminar o trampo. Depois eu fiz o Stanka, que eu fiquei de 2013 até 2016, e foi onde eu consegui as melhores coisas dentro da música. Tocamos com o NXZero, tocamos com o Capital Inicial, tocamos com o Glória, Karol Conca, Dead Fish, um monte de banda, fizemos turnê pra fora de São Paulo, fizemos turnê em cinco estados diferentes, lançamos três trabalhos gravados, dois eps, um ep em estúdio, outro ep ao vivo, e um disco de estúdio, tivemos clipe na televisão, demos bastante entrevistas, saímos em jornal, então em Osasco, que a cidade onde o Stanka se formou, cidade natal da banda, então a galera trombava a gente na rua, tirava foto, conhecia a banda mesmo, era uma parada bem legal, tivemos bastante retorno do público com esse trampo. 

Pedro: Como conheceu o Rage Against The Machine?

Gordão: Eu conheci o Rage Against The Machine através do meu irmão, meu irmão mais velho, o Rafael, grande responsável por eu estar na música, porque ele gostava muito de metal, então eu comecei a ouvir Iron Maiden com ele, eu tinha 8 anos, e o Rage Against The Machine... escutei através dele também , ele tinha o LP, o primeiro, clássico... nossa, na hora que eu escutei aquilo ali, eu pensei: nossa senhora eu preciso ter uma banda assim! Devia ter uns 12 anos,a  primeira vez que escutei Rage, 11/12 anos, tanto é que o Stanka é fortemente influenciado por Rage, em questão de lógica, os riffs são compostos guitarra e baixo dobrados, quem escrevia a maioria dos riffs era meu irmão, o Lucas, então ele tem muita influência de Whitesnake, então os riffs iam muito por esse lado do hard rock, só que a parte do groove, do rap, essa ideia de guitarra e baixo dobrado... 

Pedro: Como surgiu a ideia de montar o RATM Tributo Brazil?

Gordão: Quand tínhamos o Stanka, quando eu estava no Stanka, eu já tinha essa vontade de montar esse trampo mais pra homenagear os caras mesmo, entendeu? Não era nada pra ganhar dinheiro, não era nada além de uma homenagem, eu não tinha a ideia de fazer vários shows, porque a gente tinha  o Stanka e trampo autoral exige muita dedicação, muito foco. No final do Stanka, eu estava trabalhando só de roadie, e surgiu uma ideia, surgiu a ideia de fazer o RATM Tributo Brazil, aí a gente tinha uma turnê marcada com o Stanka no Rio Grande do Sul, mas aí como não virou, essa turnê não aconteceu por n motivos, eu não podia desmarcar os shows , então o que eu falei: vou pegar uma galera e vou tocar Rage Against The Machine e foi isso que eu fiz, aí eu juntei meu irmão, na época que tocava comigo no Stanka, chamei o Gabriel, que foi baterista da Organic, e o Clint , que é um músico e uma pessoa espetacular, e aí a gente foi, e a aceitação foi muito boa da galera no sul, o pessoal pediu pra gente voltar, falei com os moleques pra gente continuar, e todo mundo resolveu continuar. E hoje graças a Deus estamos com várias turnês agendadas gigante, 3, 4 estados, várias bandas envolvidas, várias bandas autorais envolvidas também, e graças a Deus tá virando, a galera tá curtindo, o pessoal no Facebook manda mensagem falando que estão adorando, falando que colou no show, gostou pra caramba, então tá muito bom, pelo menos a gente está conseguindo fazer um trabalho bem feito, é muito difícil chegar próximo dos caras( Rage), porque é uma banda muito singular, um power trio, mas na verdade é como se fosse um sample para o Zack de La Rocha rimar, a banda inteira é como se fosse um dj, essa constância com a parede sonora com baixo e guitarra colado, com as linhas de guitarra, com batera, todo mundo junto, é difícil, então a gente está conseguindo ter um resultado satisfatório tanto para nós como pra galera que gosta de Rage e cola no show pra ver Rage, experiência completa. 

Pedro: Os próximos passos da banda, quais são?

Gordão: Vamos lançar uma série de vídeos tutoriais da galera da banda tocando as músicas, ensinando como se toca, algumas músicas, algumas peculiaridades da banda, instrumentos, set de pedal, de corda, de digitação, pra ficar tudo mais próximo, pro pessoal que gosta de Rage conseguir ver o vídeo e sacar os macetes que é difícil de sacar, a gente precisou ver várias e várias vezes os vídeos, e o Rage tem uns vídeos antigos que é muito difícil de perceber o que está sendo feito, porque o som é ruim, a imagem é ruim, então a gente conseguiu transpor isso pra nossa realidade e a gente vai fazer um vídeo pra galera que curte Rage e toca, e esse vídeo é para os músicos que tocam e que querem tocar Rage, que curte sacar os macetes, como é que toca, tal da parte da música, o que o cara faz, etc, então esse é o próximo plano, a gente está com uma turnê agendada na Argentina para 2019, e em 2019 eu quero consolidar a banda, quero consolidar o tributo como melhor tributo Rage Against The Machine do Brasil. É difícil, tem muita banda boa, não é nem questão de competição, sacou? É questão de proposta, tem muita banda boa aí, mas a única banda que tem a proposta de fazer uma homenagem para os caras 100% fiel é a nossa. Então quero consolidar o nome, quando a galera pensar em tributo de Rage, pensar na nossa banda. Tem uns patrocínios bem legais que a gente tá fechando, de amplificador, de baqueta, enfim, tem muita coisa louca acontecendo, dentro do possível.

Pedro: Conte alguma história curiosa que você já passou em turnês.

Gordão: Tem um acontecimento muito engraçado na época que eu tava no Stanka, foi a primeira turnê nossa no estado de São Paulo, foi a primeira vez que a gente saiu da cidade de São Paulo pra fazer show, a gente foi pro Mato Grosso do Sul fazer uma turnê lá, e a gente foi na camionete do Xirum, que era o vocalista na época, e aí na volta o que aconteceu? A camionete quebrou , ela já vinha fazendo uns barulhos e ela quebrou, na divisa Mato Grosso do Sul com São Paulo, bem na divisa, a gente ficou desesperado, a gente tava numa cidade que chamava Presidente Epitácio, na época a cidade nem no Google tinha de tão pequena que era, eram 15 lotes, cada lote com duas casas, e uma igrejinha e um centrinho, e a gente desesperado, a gente ficou dois dias na estrada com o carro quebrado, dormindo no acostamento, pedindo carona para os caminhoneiros que passava, nenhum ajudou, o carro lotado de instrumento, 5 caras dentro carro, e o João, que é o nosso roadie, que trabalha com a gente no RATM Tributo Brazil tava junto também, e a gente conseguiu chegar num hotelzinho que tinha ali, nós fomos a pé, deixamos o carro no acostamento e fomos a pé, tinha um hotel do outro lado da estrada, sentido Mato Grosso do Sul um pouco mais pra frente. Conversamos com a proprietária do hotel, a gente explicou a situação pra dona do hotel, e ela deixou a gente passar uma noite lá, pra gente não dormir na rua. Nós fomos pra lá, tivemos que empurrar o carro os 4 km até achar o retorno , porque não podia largar o carro no acostamento, voltamos, chegamos no hotel e dormimos, no dia seguinte todo mundo acordou desesperado de bravo porque a gente já tava 3 dias fora do cronograma, a gente tinha show em São Paulo, a gente não podia falhar, aí tem uma amiga nossa que morava numa cidade (Dracena) próxima ao local onde nós estávamos, nós ligamos pra ela, "oi, Ana, aconteceu isso, isso e mais isso, nós estamos na estrada há 3 dias, será que a gente tem como passar na sua casa? Só que como que nós iríamos para Dracena de Presidente Epitácio? A sorte é que a rodovia tem aqueles guinchos que quando o carro quebra você chama o guincho e ele te leva até o posto mais próximo, nós chamamos o guincho, o serviço de atendimento, nós conversamos com o cara, falamos que estávamos há 3 dias na estrada, tem como você levar a gente pra Dracena? Ele falou que não poderia levar porque essa rodovia que ele trabalhava não ia pra Dracena, teoricamente ele deveria deixar a gente no próximo posto, só que o cara viu que a gente tava na merda ali, então o que ele fez? Levou a gente até a entrada da estrada, que é uma rodovia federal, que ia pra Dracena, dali nós teríamos que chamar outro guincho, porque era outra concessionaria que atuava, só que essa estrada que iria pra Dracena não tinha guincho, então o que a gente fez, nós juntamos os miúdos ali, vamos chamar um guincho, chamamos o guincho, cada um sacou o que tinha numa loja de conveniência de um posto, o cara deixou a gente passar o débito e deu um dinheiro pra gente, a gente inteirou 170 reais, que era o guincho, chegou um caminhão muito velho, que mal cabia a camionete em cima, ele andava empinado, porque era muito peso, era muito alto, a estrada escura, não tinha luz, o cara desligava o motor no descida, se não o carro parava de funcionar, porque era muito velho, sei lá, não sei o que tava acontecendo, então nas descidas na estrada, o cara desligava o guincho, e ficava tudo escuro, e a gente em cima do carro, com medo de tombar, porque tava muito alto, conseguimos chegar lá , a gente ficou uma semana em Dracena, a gente não conseguiu fazer os 3 shows que tinha em São Paulo, a gente precisou remarcar, o conserto do carro ia dar 4 mil reais, quebrou uma peça lá, e aí a gente começou a ir nas cidades próximas a Dracena e tocar cover nos bares, tocar de tudo, classic rock, pop rock, pra levantar dinheiro pra arrumar o carro. E a galera tava até procurando emprego lá, porque a gente não sabia se ia conseguir dinheiro pra arrumar a peça, a nossa amiga ia pra rua com a gente, porque nós íamos vender o cd, a gente vendia a 20 reais o cd, pra conseguir dinheiro pra tocar, além de tocar os covers nos bares à noite, aí depois de quase 2 semanas, a gente conseguiu juntar a grana, tocando em bar, vendendo cd na rua, e voltamos pra casa. Isso que eu resumi a história, daria um livro essa história. Na época foi preocupante, hoje, lembrando é engraçado. 



Pedro: Suas palavras finais, Gordão. Valeu pela entrevista.

Gordão: De palavra final que eu queria falar pra rapaziada é correr sempre atrás do que você acredita, do que te faz feliz, dentro do seu coração, do possível, porque o sistema é bruto, ele não perdoa, o mundo não perdoa, então falar pra galera sempre correr atrás do que lhe faz feliz, e principalmente o pessoal que está na música, sentindo dificuldade, fazer o trampo se sustentar, se autossustentar, hoje no Brasil a gente tem uma realidade muito diferente, que os músicos tem mais de um emprego, não existe mais aquela coisa do cara ter a banda, só a banda ser o ganha pão dele, então hoje mais do que nunca, você tem, por exemplo, eu trabalho de roadie, vendo shows, escrevo projetos culturais, toco batera, tô dentro da música, tem vários amigos meus que trabalham em importadora de instrumento, fazem edição de vídeo, tem cara que trabalha em escritório que também tem banda, então não desanima não se a banda tiver ramelando no sentido de não estar conseguindo andar pra frente, porque às vezes o mercado está onde você não consegue enxergar, nem tudo é Faustão, nem tudo é televisão e rádio, então é enxergar a possibilidade onde não existe, ou melhor criar possibilidades, oportunidades onde não existe, então acho que esse aí é o segredo da parada, saber nadar conforme a maré. É isso.